segunda-feira, outubro 25, 2004

Às 18:45 estávamos na praça do Colégio Militar e só por volta das 20:00 nós levantamos âncora e fomos a toda vela rumo a Maceió para o Congresso de países de língua latina de Gestalt-terapia. A última vez na minha vida que eu havia viajado foi em 1999 quando fui fazer vestibular no Piauí e a experiência não foi nada boa. Essa podia e foi melhor.
A viagem de ida pra mim foi longa e cansativa, mas nenhum estresse muito grande.
A impressão que tive de Maceió foi a de uma Fortaleza tamanho menor. A vida noturna é simples, poucas opções de boates, bares. Mas como eu não gosto de badalação isso acabou não fazendo diferença pra mim.
Percebi que lá as pessoas dão um maior valor à companhia das outras. Existe um sentido de sentar numa mesa, num lugar sossegado e curtir gente. O clima é ótimo. A temperatura é mais agradável, tem um vento mais bacana. Comparando com Fortaleza, Maceió é mais tranqüila, menos perigosa, mais aprazível.
Eu me senti muito bem dormindo na casa do Afonso. Era livro pra todo lado. Li muita coisa boa. Eu me senti em casa. Se bem que na minha casa eu não queimo forno microondas. Não tive problemas em dormir, apesar de ter que ver o Walter de cueca samba-canção.

O fato é que em Maceió eu estava longe de Fortaleza, de Maracanaú, das coisas ruins... Isso era bom. É como se lá eu me permitisse dar seguimento às coisas e não deixá-las travadas como elas estão há tanto tempo. Aprendi uma coisa importantíssima durante um laboratório com o Paolo Quatrini: eu preciso viver pra fora. Paolo não me disse isso, foi só uma ficha que me caiu. Não adianta escrever tantos textos, compôr tantas músicas e pensar tantas coisas sobre as pessoas e não tornar isso público. A poiese existe, mas há um curto-circuito dela. É como viver pra dentro.
Em Maceió eu senti que tinha as condições próprias de temperatura e pressão pra viver pra fora. Eu estava novo, começando quase da estaca zero. Parecia que eu estava tendo uma segunda chance A tal segunda chance que eu persigo há tanto tempo.
Mas eu tenho que ser sincero: não sei se Maceió teve mesmo o poder de me deixar assim ou se eu estava meramente aliviado por estar longe de Fortaleza e Maracanaú.
E eu me permiti curtir muito as pessoas. As pessoas – mesmo as conhecidas – eram novas, talvez por eu ter estado novo ali. Cada minuto foi vivido com muito prazer. Cada palavra foi dita e ouvida por mim com muita leveza. Parecia que eu estava em paz com o mundo. Lamento só ter podido falar tão pouco com o Afonso Fonseca. Apesar de ter ficado hospedado na casa dele, ele passou muito tempo cuidando dos bastidores do congresso e estando presente nas palestras. Mas é claro que mesmo com o pouco contato ele foi um ótimo anfitrião e o grande amigo que sempre foi.
O momento mais legal do congresso foi o grupo que fizemos com os colegas da excursão depois da última mesa redonda do último dia. Umas 12 pessoas, talvez mais que isso, se reuniram e passaram a limpo suas experiências da viagem e do congresso, suas impressões sobre as pessoas, sobre a cidade, o que deixaram em Fortaleza e levaram pra Maceió e o que deixariam em Maceió e levariam pra Fortaleza. Todos foram piratas naquele momento. Nos lugar dos piratas do Caribe, éramos o piratas do Ceará

Eu estive muito presente em todos os momentos. Poucas vezes senti isso com coisas boas. (eu tenho a tendência em estar mais presente em momentos ruins.) Estive presente quando da cantoria no ônibus ainda na ida. Quando chegamos à casa do Afonso e os meus amigos queridos que estavam lá junto de mim. Nos laboratórios, mesas, palestras, almoços junto aos amigos. Me coloquei cem por cento até quando procurava um ângulo e luminosidade melhores para as fotos, fossem elas do grupo brincando no ônibus ou quando eu me sentia totalmente absorto em capturado uma boca perfeita de mulher na mesma máquina. Pra não falar que eu me fazia presente mesmo sem querer quando uma mulher do ônibus enxergava a minha alma e a dos outros.
Mas estive muito presente também nos 3 momentos ruins: queimar o microondas, ver o Walter de cueca e agüentar o ronco de leão do João Vítor. Que o fantasma do Barba Azul proteja todos no mundo dessas 3 coisas.

Esse texto não é um relato de viagem. Esse também não é um texto de lamentação. É uma forma de compartilhar com vocês o que eu levei e trouxe dessa viagem. Espero que todos tenham boas histórias pra contar também.
Estou bebendo vinho neste momento. Um brinde a nós. O bom pirata diz: "Bebei, amigos! Io-hoou!"

Beijos,
Rafael Gomes

Prometo q...

...post ainda hj. Vou ver se coloco coisas interessantes da viagem. Beijo em todos.

domingo, outubro 17, 2004

Acabou de me ocorrer...

...q eu levo minha vida pra estimular os 6 sentidos. Isso me cria problemas pq meu senso estético é apurado. Não estou falando de mim mesmo até pq não sou nada vaidoso e acho até q minha aparência é bem tosca. Mas a forma como tento estimular a audição, visão, olfato, tato, paladar e o sentido pirata q concatena os outros 5 é muito angustiante às vezes.

Isso me faz lembrar a idéia de q a ignorância é uma bênção, ou seja, não ter noção é uma arte.

Não tem jeito...

Quanto mais eu conheço algumas pessoas, mais eu gosto da minha cachorrinha.

sábado, outubro 16, 2004

Daqui a uma hora...

...eu vou estar tocando na seletiva final pro Ceará Music. Estou no estúdio do nosso amigo Luciano Bertini ouvindo um disco acústico do Engenheiros do Hawaí. Gosto muito do Gessinger. Não sou lá fã alucinado, mas gosto. Esse disco (Filmes de guerra, canções de amor) me faz lembrar de coisas muito boas. Sossego e sinceridade. E força.

sexta-feira, outubro 15, 2004

Ato de PIRAtaria n° 358

Eu quero é o horizonte!

terça-feira, outubro 12, 2004

Eu sempre fiquei sozinho durante longos períodos. Pedalando, tocando guitarra, escrevendo, lendo. E sempre gostei de estar longe. Um estranho fascínio pelo q não conheço, como vc pode ler em post recente. Me sinto desconfortável em ser de uma turma, de pertencer a um lugar, de ter uma "identidade", de ser definido. Eu moro em Maracanaú há 19 anos e não sou maracanauense. Nasci em Fortaleza e não sou fortalezense. Eu toco diversos tipos de rock em várias bandas há 5 anos e fico puto quando me chamam de roqueiro.

Eu sou desgraçado o suficiente pra ter pessoas maravilhosas perto de mim e não querer estar com elas por muito tempo. Nem elas conseguem estar comigo por muito tempo.

Na verdade, acho q sou desrespeitoso comigo mesmo. Essa característica PIRAta de solidão inquieta existe e eu acho q o melhor a fazer é abraçar isso e ter a PIRAtaria como norte - ou falta dele. Claro q algumas pessoas podem ter atitudes PIRAtas ocasionalmente, mas creio q ser PERIpatÉTICO não é uma coisa momentânea. Ou vc é PERIpatÉTICO ou não é. Vc pode estar contra ou a favor de vc mesmo. Seria muito bom eu começar a me respeitar. Seria bom eu começar a ficar a favor de mim mesmo.

Só corrigindo

O Orkut serve pra gente encontrar paixões platônicas da nossa aborrescência.

domingo, outubro 10, 2004

O orkut

1- Não serve pra nada.
2- Percebi q ninguém vê meu perfil no orkut.
3- Percebi mulher bonita tem 90% de homens na sua lista de amigos.

quinta-feira, outubro 07, 2004

Pessoas pensam muito

SRV pensava q era Hendrix branco
Hendrix pensava q era o Jeff Beck preto
Jeff Beck pensava q era Roy Buchanan
Roy Buchanan não pensava, só tocava

Felipe Cazeaux pensa q é o Mindélis
Mindélis pensa q é o B.B. King angolano

Eu pensava q ia ser o Jeff Beck cearense
Jeff Beck pós-Blow by Blow, não o Jef Beck roqueirinho
Mas num certo momento eu pensei q podia ser o Gustavo Norões
Gustavo Norões pensa q é o Ron Wood
E Ron Wood não pensa

O Serguei pensa q é o Patrick
Patrick pensa q é o Serguei
Mas acho q eles dois tb não pensam muito

Keith Richards pensa q sabe tocar guitarra
E os fãs dele tb pensam isso
Mick Jagger pensa q é gostoso
Luciana Gimenez tb acha

Edu Ardanuy pensa q é o Malmsteen
Malmsteen pensa q é Blackmore
Blackmore pensa q é Bach
E Bach não pensa mais

Billy Sheehan pensa q é guitarrista
E eu tb

domingo, outubro 03, 2004

As coisas como estão...

...é o nome de uma música da minha banda. E as coisas não estão boas. Faz tempo. Na verdade, acho q elas só eram boas quando eu treinava na serra de Maranguape e subia até acabar a trilha. Quando eu me perdia e passava 8 horas sozinho na serra comendo banana, manga e bebendo água do rio. Acho q elas eram boas quando eu sentia o meu corpo inteiro doendo depois de 40 minutos de subida. As coisas eram boas quando eu sentia o cheiro de mato molhado, quando eu via beija-flor nas plantas, quando eu sentia meu ouvido zunindo pela diferença de pressão ao subir e descer a serra. E tb quando encontrava o caminho de volta e o computador de bordo marcava 60, 65 por hora e sentia q eu a a bicicleta estávamos juntos até q um buraco nos separasse. Ela era meu Baloubet de Rouet (é assim q se escreve?). Só q ela nunca refugou. :) Eu já refuguei, mas ela nunca. Eu rachei 2 bicicletas de liga de alumínio aeronáutico. Já pensou se eu fosse alto e forte?

Eu acho q as coisas eram boas quando eu voltava pra casa e sentia minhas pernas meio anestesiadas quando eu subia as escadas da minha casa. Eu chegava à minha casa com lama até dentro do capacete. Quando eu tomava banho e via a água suja indo pelo ralo eu sentia q muito das coisas ruins iam junto. Eu sentia o meu corpo pesando 90 quilos e ia feito um zumbi pra cama. Isso era bom pq não me dava oportunidade de ficar pensando besteira antes de dormir, entende? Não ficava pensando em amores perdidos, nem remoendo pequenas nem grandes mágoas. Enfim, eu não via fantasmas. Não precisava ficar carregando essa mala pesada q eu carregou todo dia, pra onde quer q eu vá. Eu desabava na cama e apagava. Apagava.

sexta-feira, outubro 01, 2004

Coração do Old Man

Hj eu passei o dia inteiro tendo arritmias cardíacas. É um lance de pressão no peito e depois a sensação de q o coração bate bem rápido pra compensar. Tudo isso em 2 segundos. É terrível. E não deixa de ser sintomático considerando o ano péssimo q eu tô tendo.