quarta-feira, março 29, 2006

O umbigo do universo está na pança
Do universo do umbigo que dança

A esperança do espírito que viaja na dança
É o espírito da dança na esperança da viagem.

O espírito da pirataria no mar do navegador
É o mar do espírito navegado pelo pirata.

A pedra da perda do risco na caminhada
É a caminhada da perda do risco da pedra.

O livro que eu dei sem ter comprado nem ter escrito
É o que eu escrevi pra não dar, não comprar e nem virar livro.

A trilha da serra que eu achei na caminhada
É a caminhada para serrar a trilha do achado.

A madeira do instrumento que vibra com o toque da corda
Acorda a madeira com o instrumento do toque quando vibra.

O que eu sinto quando eu vejo o que vejo que sinto
É o mesmo que eu vejo que sinto o que eu vejo que você sente.

Aonde chego ao que ver que nós chegamos
É o que vejo que vemos o que chegamos a ver.

Percebo que você tem medo de uma coisa que é sua
E sua de medo ao perceber que tem coisa

E chego ao fim no momento de chegar ao fim do momento
E no momento de chegar ao fim é o momento de no fim chegar.
(de presente pra Fafá)

segunda-feira, março 06, 2006

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Há dez anos atrás um amigo do meu pai ganhou um cd de presente de um amigo dele. Não gostou do dc. Ele acabou dando esse cd ao meu pai, que também não gostou dele. O rejeitado cd acabou indo parar numa estante da minha casa. O raio da caixa do cd era estranha: um monte de fotos estranhas e uma luzinha que piscava.

Movido por mera curiosidade, eu tentei escutá-lo. Mas ninguém cantava na porcaria da música estranha e eu desisti (por acaso eu só havia ouvido os três primeiros minutos da primeira música. Coisa de ouvinte de música pop). Meses depois eu tentei de novo - era quase como se aquela luzinha me chamasse. De início eu gostei do tal do sax que havia em algumas músicas. Depois gostei das vozes. Depois me ocorreu que eu poderia aprender a tocar um violão pra tocar aquelas músicas.

Eu tomei um tremendo susto quando me falaram depois que aquele cd era de uma banda que existia desde 1966! Eles já haviam lançados vários cds e eu fui, lentamente, comprando um por um.

Um pouco depois eu reparei que tinha uma coisa nas músicas que fazia uns sons legais, espalhados, com eco... Perguntei a um amigo e ele me disse que aquilo era uma guitarra. E então me ocorreu que eu poderia aprender a fazer aquilo.

E é claro que muitas outras coisas vieram depois, mas como tudo começou por causa dessa banda da qual ele era membro, creio ser muito justo não deixar passar batido que hoje esse cara - que atende pelo nome de David Gilmour - está fazendo 60 anos.



A propósito: depois eu achei q as letras eram bem interessantes. O letrista era o líder da banda e se chamava Roger Waters. Aí é outra história.