sábado, junho 18, 2005

Nietzsche e Laços de Família

Estamos no começo da época de chuvas aqui em Fortaleza. Eu estudo e trabalho em lugares fechados com ar-condicionado, estou sem dinheiro e não estou namorando. Portanto, meu sistema imunológico está uma porcaria e é claro que eu estou gripado. Ô coisa nojenta é gripe. Ninguém merece uma gripe. Mas o pior é que eu ainda respeito os outros quando estou gripado, então não saio de casa. O influenza – o vírus da gripe – é o mais contagioso que existe. E eu sou o cara mais influenzável do mundo: é a segunda gripe em 40 dias. O pior não é a coriza, a crise de rinite, sinusite ou caralhite. O pior é ficar em casa amarrando um bode preto e ver o reprise de Laços de Família.


Não há nada mais estúpido no mundo do que diálogo de novela de família. Não fosse a parada pra adiantar a leitura do Além do bem e do mal – livro seminal do Nietzsche - eu teria assistido o capítulo de hoje inteirinho. Desliguei quando a mãe da Capitu e o porteiro do prédio discutiam o aumento do preço do tomate. Nesse momento a taxa viral do meu influenza foi ao teto. Coitado dele. Preferi combatê-lo de modo franco e sincero ampliando meu conhecimento sobre a vontade de poder em Nietzsche do que vendo a veterinária da novela conversar com o cavalo.

(Interlúdio maldoso 1: traduzir como vontade de poder faz mais sentido na nossa língua do que vontade de potência.)

Não que a novela seja toda imprestável. Nunca é demais ver a carinha enjoada da Carolina Dieckman. Ela é linda, não? Parece que está sempre chupando limão. Detesto mulher simpática demais. Carol, eu te amo.

(Interlúdio maldoso 2: “a própria vida é vontade de poder”.)

O Gianechinni tem a vida profissional que eu pedi a Perls: só pega o filé. Mãe e filha – na novela. Impressionante. Já falei pra vocês que eu tenho um azar desgraçado com namorada? Até aí nenhuma novidade. O estranho é que eu tenho sorte com sogra. Não poucas vezes eu pensei em largar a namorada pra ficar com a velha.

(Interlúdio maldoso 3: esse “poder” de vontade de poder, não é necessariamente “força”, mas sim a vontade de estar apto, disponível e preparado para o possível – o não provado, que não raro é improvável, mas que é provido pela improvis-ação)

Caraca, ninguém merece uma tia chata como a Alma. Ô mulher mal-amada. E olha que casou 3 vezes. E ficou 3 vezes viúva. Deve ter sido desgosto dos maridos. E o Alexandre Borges ainda vai pegar a empregada. A mulher da B.O.A. – muito boa. Com ou sem retoques de computação gráfica.

(Interlúdio maldoso 4 – esse é pra lascar - aforismo 141: “É o baixo ventre que impede o homem de considerar-se um deus”. Traduzindo pro português de Maracanaú: nenhum cacete é santo. Pererecas idem.)

De onde o Toni Ramos tirou tanto pêlo? Dá um desgosto ver aquela barba do cara. Aliás, dá um desgosto ver qualquer barba. A não ser a minha, que é meio ruiva e muito sexy, mas não é pra qualquer uma. Pra não falar da secura do Miguel em ir bater lá no Japão pra ver se consegue dar um pega na Vera Fischer. Pô, nem eu! Mas ele não contava com a astúcia do Gianechinni, que já foi pegando daqui. E o cara parece que gostou de ter ido lá pra caixa-prego sem pegar ninguém. Momento propício para a clássica expressão nordestina de repulsa: arriégua!

(Interlúdio maldoso 5 - na tentativa de oferecer subsídios para explicar o movimento do personagem de Toni Ramos, que deu meia volta ao mundo, não pegou ninguém e ficou feliz – aforismo 176: Por fim amamos o próprio desejo, e não o desejado.)

Se vocês derem aos espíritos – e não o seu lado ascético cristão paralizante! - de vocês a oportunidade de ler Nietzsche, poderão reparar que ele usa muitas vírgulas e travessões – e por que razão não fazê-lo, já que é sempre bom fazer com que nem todos possam ler? E vocês já repararam que eu também faço a mesma coisa?

Mas o bom mesmo é que uma vez que perceba-se que a vida é vontade de poder e que vida não é o organicismo, mas sim o movimento, você poderá perceber a beleza do pensamento de Nietzsche.

E se você ficar gripado nesses dias, verá que a novela acima citada - e toda a programação televisiva - é tão ruim que vai ficar simples entender de onde eu tiro energia pra ler essas coisas.

(Encerramento maldoso – lindo e aterrorizante, de Laços de Família à nossa própria vida – aforismo 153: O que se faz por amor sempre acontece além do bem e do mal.)

1 Comments:

Blogger Liliana said...

To com saudades de ti sabia!!
Num sei de onde tu tirou q tua barba é ruiva, mas tudo bem!

chero!!

1:02 PM  

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