quinta-feira, novembro 25, 2004

Definitivamente...

...eu não nasci pra falar em público. Eu tremo. Fico mal. As pessoas estão ali esperando muito de mim. Talvez eu esteja esperando muito de mim. Ou talvez eu esteja esperando demais delas. Eu evito tanto o Contato com as pessoas numa sala que o tempo passa e eu não percebo. No fim da aula ou apresentação do trabalho eu percebo que metade das pessoas saiu da sala e eu não tinha notado. Isso me deixa triste. É como se fosse um atestado de incompetência.

Hoje eu entendi q não sou um cara ligado à teoria ou blá-blá-blá de sala de aula. Eu sou um cara da prática gestáltica.

Vi todas aquelas pessoas bocejando, ninguém perguntando e eu nervoso pra caramba. Foi aí que vi que não sou capaz de ensinar gestalterapia a ninguém. Não sou capaz de falar sobre gestalterapia. Durante aquela aula, percebi que o navio que eu estava tentando capitanear naufragou. Eu passei o dia inteiro muito triste com isso.

Mas acabou de me ocorrer que ser um náufrago requer uma atitude. Ficar à deriva agarrado num pedaço de madeira é pedir pra morrer. Eu entendo que um psicanalista – um evitador de Contato de primeira linha - até tente fazer com que o cliente fique agarrado ao maldito pedacinho de madeira se perguntando “Por que infeliz razão meu pai fez isso comigo??? Buááá!!!!” ou besteiras do tipo. Mas eu acho que uma atitude “náufraga-gestáltica” seria a de largar a porra do pau do navio - ou o pau do pai – e NADAR por si próprio.

Bem, eu tentei falar sobre a gestalt em sala. Não consegui, mas exPERImentei. E eu vejo a exPERImentação como o começo, o meio e o fim - a faísca, o caminho e a finalidade – de uma atitude gestáltica.

E foda-se a sala de aula.